domingo, 5 de abril de 2015

NÃO TEMOS O DIREITO DE ESQUECER!
Palavras do Presidente do Clube Militar, durante o almoço, 31 de Março de 2015.


Prezados amigos do Clube Militar:

Em mais um 31 de março, em modesta homenagem da Casa da República, dirigimo-nos a nossos ilustres associados, comentando brevemente o motivo de nossa comemoração.

Todos sabemos qual a situação do Brasil no início da década de 1960, após a inesperada renúncia do Presidente Jânio Quadros. A ela seguiu-se um torvelinho de tensões econômicas, políticas e sociais que ameaçavam levar de roldão nosso país na direção do ponto central que tudo tragava.

Vivíamos, o que muitos propositadamente ignoram, o auge da Guerra Fria. No final de 1962 o mundo estivera perigosamente perto do conflito nuclear entre as superpotências da época, na Crise dos Mísseis em Cuba.

A União Soviética agregava territórios a seus domínios, sufocava qualquer tentativa de insurreição nos países escravizados, como acontecera em Budapeste. Dominava metade da Alemanha, e Berlim Ocidental era uma ilha cercada pelos muros vermelhos. Dirigentes comunistas, impostos pela força e fiéis a Moscou, governavam com mão de ferro e apoio de tropas soviéticas a Polônia, Romênia, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Hungria, Bulgária e Albânia. No Oriente, os comunistas assumiram a Coréia do Norte, a China continental, e acabariam estendendo seus tentáculos sobre o Camboja, Vietnã e Laos.

Na África, a campanha de expansão comunista ensanguentou Guiné Bissau, Cabo Verde, Congo, Argélia, Namíbia, Angola e Moçambique.

Os ventos da Guerra Fria também chegaram ao Caribe: Cuba transformara-se em um satélite de Moscou, um verdadeiro porta-aviões ancorado a poucas milhas do território norte-americano, e a luta estendeu-se a Honduras, Panamá, Nicarágua, El Salvador.

Na América do Sul, as bases comunistas se ampliavam no Chile, Argentina, Uruguai, Bolívia. E no alvo mais cobiçado, o gigantesco e aparentemente indefeso Brasil.

Esta visão do avanço vermelho pelo mundo inteiro e do perigo que isso representava para nossa Pátria é, em muitas ocasiões, menosprezada pelos estudiosos do período, às vezes por ignorância, às vezes por falta de visão estratégica, quase sempre por má-fé.

Para a seleta audiência que hoje nos honra com sua atenção, não é preciso detalhar a ação deletéria de Goulart, Prestes, Brizola, Arraes, Francisco Julião, do PCB, CGT, PUA, UNE, das Ligas Camponesas, dos Grupos dos 11.

Toda essa conspiração, esses movimentos solertes para empolgar o poder e implantar o comunismo no Brasil, toda a agitação, a violência, a baderna, a crescente confiança e o crescimento da atitude desafiadora, a falsa certeza de que as Forças Armadas estavam infiltradas e dominadas por um grande número de comunistas, prontas a aderir à revolução socialista iminente, tudo foi rápida e eficientemente dominado pelas lideranças democráticas e pelos bravos e dedicados militares que atenderam ao chamado desesperado da sociedade brasileira, expresso na imprensa, nas igrejas, nos lares e nas ruas.

O ponto máximo da subversão foi atingido em 30 de março de 1964, quando o Presidente João Goulart, em comício aqui ao lado, no Automóvel Clube, conclamou os sargentos a tomarem os quartéis e prenderem os oficiais, anunciando para dentro em breve as nebulosas reformas que sairiam, “a despeito do Congresso ou dos generais fossilizados e ultrapassados”. O Comandante Supremo das Forças Armadas atacava os seus pilares básicos: a hierarquia e a disciplina.

O Exército não falou, agiu. Na manhã de 31 de março iniciou-se o deslocamento das tropas de Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro.

A sorte estava lançada e o aparentemente sólido castelo da subversão, inflado pela demagogia e pela propaganda, acreditando numa força que era apenas retórica, desmoronou ao primeiro embate.

A Nação estava salva, tínhamos cumprido nosso dever.

Hoje, quando o Brasil vive instantes de tanta instabilidade, em que os aproveitadores usam todas as armas para manter-se no poder e sangrar os cofres públicos, lembremos aqueles companheiros que, há 51 anos, souberam decidir na hora exata e agir sem temor para recolocar nossa Pátria nos rumos da liberdade e da democracia.

Recordemos, finalmente, o que escreveu nosso saudoso companheiro e amigo, o Gen Sergio Augusto de Avellar Coutinho:


“Esquecer 1964 é uma atitude de capitulação moral e intelectual. É ocultar das atuais gerações o papel exemplar das Forças Armadas, impedindo a criação da república sindicalista e da ditadura do proletariado.”

Situação política do Brasil antes de 1964

Por Cel Ref Carlos Alberto Brilhante Ustra

Governo João Goulart - 07/09/1961 a 31/03/1964

João Belchior Marques Goulart, “Jango”, advogado, natural de São Borja, RS, iniciou suas atividades políticas em 1946, no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

Eleito deputado estadual, no período de 1946-1950, e deputado federal, em 1951, foi também ministro do Trabalho Indústria e Comércio no governo Getúlio Vargas. Candidatou-se ao Senado, em 1954, mas foi derrotado. Foi vice-presidente da República no governo Juscelino Kubitschek e, por força de dispositivo constitucional, presidente do Senado (1956-1961). Em 1960, reelegeu-se vice-presidente da República, concorrendo na chapa de oposição ao candidato da União Democrática Nacional (UDN), Jânio Quadros.

Com a renúncia de Jânio e por estar em viagem à China, o Brasil viu o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, assumir a Presidência da República, conforme previa a Constituição vigente.

Nessa ocasião, os ministros militares de Jânio, general Odylio Denys, da Guerra; brigadeiro Grüm Moss, da Aeronáutica; e o almirante Sílvio Heck, da Marinha, tentaram impedir, sem sucesso, a posse de Jango.

Foi constituída uma Junta Militar, composta pelos três.

Os treze dias que se seguiram foram de muita tensão. A recusa a um governo chefiado por Goulart representava a repulsa ao populismo e ao “varguismo”. Em alguns lugares, foram iniciados movimentos para empossar Jango na Presidência da República.

O Rio Grande do Sul foi o ponto-chave da reação em apoio a Jango. Leonel Brizola, governador do estado, cunhado de Goulart, manifestou-se em defesa da posse e iniciou intensa campanha de mobilização popular com o apoio da imprensa e das rádios gaúchas, criando a “Cadeia da Legalidade”, que operava com 104 emissoras da região.

A solução para a crise foi a mudança do sistema de governo, aprovada pelo Congresso Nacional, em 2 de setembro, por meio da Emenda Constitucional nº 4, que instalou o regime parlamentarista no Brasil.

Finalmente, João Goulart foi empossado na Presidência da República, em 7 de setembro de 1961, sob o regime parlamentarista, aprovado às pressas pelo Senado, para resolver a grave crise político-militar desencadeada. Tinha como primeiro-ministro Tancredo Neves - 07/09/1961 a 26/06/1962.

Os anos seguintes foram marcados, ininterruptamente, por conflitos políticos e sociais. Em parte, o desgoverno refletia a personalidade dúbia de João Goulart. Se de dia anunciava as reformas planejadas “na base do estrito respeito à Constituição”, à noite, pressionado por outras opiniões, anunciava seu propósito de fazê-las “na lei ou na marra”. Greves e mais greves, algumas criadas no próprio Ministério do Trabalho, se sucediam pelo País. Bancos, escolas, hospitais, serviços públicos, transportes, tudo era paralisado. As filas para compra de alimentos eram intermináveis. Faltavam gêneros alimentícios de primeira necessidade. A inflação era galopante.

Jango reatou relações diplomáticas com a URSS, rompidas no governo Dutra, e foi contrário às sanções impostas a Cuba. Realizou um governo contraditório. Estreitou alianças com o movimento sindical e tentou implementar uma política de estabilização, baseada na contenção salarial. Determinou a realização das chamadas reformas de base: reformas agrária, fiscal, educacional, bancária e eleitoral, condições exigidas pelo FMI para a obtenção de novos empréstimos e para a renegociação da dívida externa. Para ele, elas eram necessárias ao desenvolvimento de um “capitalismo nacional progressista”.

Limitou a remessa de capital para o exterior e nacionalizou empresas de comunicação.

A oposição ao governo aumentou com o anúncio dessas medidas. Jango perdeu suas bases e, para não se isolar, reforçou as alianças com Leonel Brizola, seu cunhado e deputado federal pela Guanabara, com a UNE e com o Partido Comunista Brasileiro que, apesar de clandestino, mantinha forte atuação nos movimentos estudantil e sindical.

A atuação das organizações subversivas era grande. Em 18 de novembro de 1961, uma delegação de comunistas brasileiros enviada ao XXII Congresso do Partido Comunista da União Soviética foi recebida no Kremlin por dirigentes russos. Lá, Luís Carlos Prestes e seus seguidores receberam instruções para o preparo político das massas operárias e camponesas e para a montagem da luta armada no Brasil.

No início de 1962, os comunistas conquistaram o domínio da UNE e da Petrobrás.

O VI Congresso dos Ferroviários mostrou o nível de infiltração comunista no setor de transportes. Um comando unificado orientava e conduzia as ações dos rodoviários, ferroviários, marítimos e aeroviários.

O jornal oficial do Partido Comunista Brasileiro circulava, diariamente, com artigos audaciosos. As vitórias da União Soviética no plano internacional estimulavam a aceleração do processo revolucionário no Brasil.

Em fevereiro de 1962, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), dissidente do PCB e recém-criado, organizou-se e passou a defender a luta armada como instrumento para a conquista do poder, seguindo o conceito chinês da “guerra popular prolongada”.

A tensão social em junho de 1962 era dramática. A excitação popular atingiu o auge em Caxias-RJ, em 5 de julho, com a greve no setor petrolífero, com expressivos prejuízos para o Brasil.

O movimento grevista crescia dia-a-dia. O Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), criado em 5 de julho de 1962, apresentou numerosas exigências, ameaçando com uma greve geral. O movimento operário levantou a bandeira da luta por um novo poder: a greve política.

O CGT emitia manifestos e instruções com as diretrizes do Partido Comunista Brasileiro. Em 14 de setembro, deflagrou nova greve geral pela antecipação do plebiscito para consulta popular sobre o sistema de governo. O movimento grevista paralisou, quase totalmente, a Nação e declarou, em manifesto, que a vitória comunista estava próxima.

“Os sinais de conspiração janguista podiam ser vistos por toda a parte, segundo Júlio Mesquita Filho. O próprio governo orientava as greves que se sucediam e incentivava a quebra da hierarquia militar, apoiando os sargentos e marinheiros em rebelião contra seus superiores. No meio da sucessão de crise, Luís Carlos Prestes chegou a dizer publicamente que os comunistas já estão no governo embora ainda não no poder.”

(O Estado de S. Paulo - caderno 2 - “Trajetória de um liberal movido pelo amor ao País” - 12/07/1999).

A disciplina militar se deteriorava rapidamente. Havia insatisfação e divergência nos quartéis. Alguns militares aliaram-se à subversão e procuraram levá-la para o interior dos quartéis.

Em março de 1962, a Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil foi fundada e tornar-se-ia mais um centro de agitação comunista.

O Exército era constantemente atacado pela imprensa comunista, particularmente pelas atividades contra as Ligas Camponesas.

A pregação comunista tornava-se franca e aberta. Preparava-se o povo para fazer a revolução.

A esquerda alegava que as dificuldades do País não provinham das ações fracas do presidente, mas, sim, dos problemas acarretados pelo regime parlamentarista.

A revogação do parlamentarismo, após um plebiscito nacional, em 6 de janeiro de 1963, levou João Goulart a assumir o governo com todos os poderes do regime presidencialista. No entanto, isso mostrou que, com mais poderes, o presidente somente deu curso a maiores desordens. Crescia a agitação política.

Na esquerda, apoiando Jango, estavam organizações como a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), os Partidos Comunistas, as Ligas Camponesas e outras.

O PCB era o núcleo dominante das decisões e seguia a orientação ditada pelo Comitê Central. Aspirava alcançar o poder em curto prazo, pelos processos que lhe pareciam menos arriscados e mais vantajosos.

Existiam, ainda, outras organizações, como o Partido Operário Revolucionário Trotsquista (PORT)), a Ação Popular (AP), a Política Operária (POLOP) e os Grupos dos Onze, de Leonel Brizola, que pretendiam atingir o poder pelas armas.

Era clara a ingerência externa para transformar o País em uma república comunista.

O Movimento de Cultura Popular, criado em Recife, com o apoio da UNE, do Ministério da Educação e com auxílio financeiro externo, se desenvolvia em todo o País. Sob o disfarce de combate ao analfabetismo, realizava abertamente a doutrinação comunista. Vindos de Moscou, substanciais fundos fortaleciam a UNE, que publicava um jornal semanal marxista e panfletos inflamados e distribuía material de leitura, “para combater o analfabetismo”. Esse material incluía o manual de guerrilhas de Che Guevara, traduzido por comunistas brasileiros. Líderes da UNE fomentavam greves estudantis e distúrbios de rua.

De 28 a 30 de março de 1963, o Partido Comunista Brasileiro promoveu o Congresso Continental de Solidariedade a Cuba, reunindo, em Niterói, na sede do Sindicato dos Operários Navais, delegações de várias nacionalidades. Luís Carlos Prestes, em sua abertura, disse que gostaria que o Brasil fosse a primeira nação sul-americana a seguir o exemplo da pátria de Fidel Castro.

A revolução cubana servia de modelo para organizações revolucionárias comunistas, atuantes na época, que concordavam com a luta armada para a conquista do poder.

O ano de 1963 foi pródigo de conflitos na área rural. A violência era pregada abertamente. Grupos armados, em vários pontos do País, invadiam propriedades, com a conivência de autoridades e de membros da Igreja Católica. O movimento crescia com os discursos inflamados de Miguel Arraes, Pelópidas Silveira e outros líderes de esquerda.

Mais de 270 sindicatos rurais eram reconhecidos pelo Ministério do Trabalho, a maioria infiltrada por líderes comunistas. Enquanto fazendeiros e sindicalistas se armavam, os conflitos se multiplicavam. Dezenas de mortos e feridos era o saldo desses confrontos.

Segundo Prestes, o PCB já podia se considerar no governo. Cargos importantes nos governos federais e estaduais e no Judiciário estavam em mãos de comunistas e seus aliados.

Em 12 de setembro de 1963, apoiados pela POLOP, que deslocou para Brasília Juarez Guimarães de Brito, 600 militares, entre cabos, sargentos e sub-oficiais da Marinha e da Aeronáutica, rebelaram-se, em Brasília, contra a decisão do Supremo Tribunal Federal, que se pronunciara contra a elegibilidade do sargento Aimoré Zoch Cavalheiro, eleito deputado estadual no Rio Grande do Sul. A Constituição de 1946 declarava inelegíveis os militares da ativa.

O comando geral da rebelião era liderado pelo sargento da Força Aérea Brasileira Antônio Prestes de Paula. Os revoltosos ocuparam, na capital federal, o Departamento Federal de Segurança Pública, a Estação Central de Radiopatrulha, o Ministério da Marinha e o Departamento de Telefones Urbanos e Interurbanos e, a seguir, prenderam alguns oficiais, levando-os para a Base Aérea de Brasília.

A reação à rebelião logo se fez sentir. Os blindados do Exército ocuparam pontos estratégicos de Brasília e dirigiram-se para o Ministério da Marinha, onde os rebeldes se entregaram. Alguns elementos saíram feridos. Houve dois mortos, o soldado fuzileiro Divino Dias dos Anjos, rebelde, e o motorista civil Francisco Moraes.

O jornal O Globo, do Rio de Janeiro, na edição do dia 19 de setembro, publicou parte do plano dos sargentos, apreendido pelas autoridades militares.

Depoimento do ex-sargento José Ronaldo Tavares de Lira e Silva, a respeito da revolta dos sargentos:

“... entramos em contacto com uma organização revolucionária muito conhecida no Brasil: a Política Operária (POLOP). A POLOP surgiu depois de 1960 e tivera uma participação muito ativa na ocupação de Brasília, em 1963. Foi a única organização que deu algum apoio político àquela ação dos sargentos.”

(CASO, Antônio. A Esquerda Armada no Brasil).

Em outubro, Jango que, um mês antes, participara de um comício comunista no centro do Rio de Janeiro, preocupado com a crescente agitação, solicitou ao Congresso a decretação do estado de sítio. Sob intensa pressão política, quatro dias depois retirou a solicitação.

João Goulart, passando a negociar diretamente com o Partido Comunista Brasileiro, recebeu seus representantes e entabulou acordos políticos que satisfizessem às pretensões do partido e aos interesses do governo, formando uma frente popular para a unificação das forças esquerdistas.

Tudo levava a crer que estava próxima, finalmente, a instalação da “República Sindicalista”. Pelo menos assim pensavam João Goulart e as organizações que o apoiavam.

Em 10 de janeiro de 1964, o secretário-geral do PCB, Luís Carlos Prestes, foi a Moscou informar a Nikita Kruschev o andamento dos planos acordados em 1961. Informou a Kruchev que “os comunistas brasileiros estavam conduzindo os setores estratégicos do governo federal e preparavam-se para tomar as rédeas”.

Prestes pintou um quadro propício ao desencadeamento da revolução, subestimando a reação e superestimando os meios disponíveis:

- poderoso movimento de massas, mantido pelo Partido Comunista e pelo poder central;

- um Exército dominado por forte movimento democrático e nacio-nalista;

- oficiais nacionalistas e comunistas dispostos a garantir, pela força, um governo nacionalista e antiimperialista; e

- luta pelas reformas de base.



“No Brasil o potencial revolucionário é enorme. Se pega fogo nessa fogueira, ninguém poderá apagá-la” (disse Mikhail Suslov, ideólogo do Partido Comunista da União Soviética).

A exemplo de 1935, a revolução começaria pelos quartéis. O dispositivo militar seria o grande trunfo.

Os comunistas brasileiros nunca estiveram tão fortes quanto em 1964. Só que, como acontecera em 1935, Prestes transmitira a Moscou uma impressão excessivamente otimista com relação ao apoio militar e ao apoio do povo.


Enquanto isso, Fidel Castro, sob os olhos complacentes de Moscou, adiantou recursos a Leonel Brizola para a insurreição político-militar.

Em 13 de março de 1964, foi realizado um comício defronte à Central do Brasil, no Rio de Janeiro, patrocinado pelo Partido Comunista Brasileiro. Naquela ocasião, o presidente anunciou um elenco de mensagens radicais a serem enviadas ao Congresso. Em torno do palanque, guardado por soldados do Exército, os participantes trazidos em trens gratuitos e ônibus especiais, aplaudia, com bandeiras vermelhas e cartazes que ridicularizavam os “gorilas” do Exército.

No dia 19 de março de 1964, uma das maiores demonstrações populares, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, percorreu as ruas de São Paulo. Maria Paula Caetano da Silva, uma das fundadoras da União Cívica Feminina, foi a principal organizadora da passeata. A Marcha partiu em direção à Catedral da Sé, com cerca de um milhão de pessoas. A manifestação foi uma resposta da população civil ao restabelecimento da ordem e dos valores cívicos ameaçados.

“A marcha foi uma reação à baderna que estava tomando conta do País. Não podíamos deixar as coisas continuarem do jeito que estavam, sob o risco de os comunistas tomarem o poder”, dizia Maria Paula.

(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2001200404.htm)



Falava-se, abertamente, que, a partir de 1° de maio, o Brasil estaria completamente comunizado.

A crise econômica, marcada por inflação desenfreada, era favorável à situação revolucionária. Os meios de comunicação social - jornais, rádios, peças teatrais, músicas, etc -, infiltrados por comunistas, conclamavam à subversão.

Poucos dias mais tarde, em 25 de março, um grupo de marinheiros indisciplinados, sob a liderança de José Anselmo dos Santos, o “cabo” Anselmo, em uma reunião no Sindicato dos Metalúrgicos, no Rio de Janeiro, revoltou-se.

Em 30 de março, o presidente da República compareceu, no Automóvel Clube do Brasil, a uma assembléia que reuniu dois mil sargentos. Ouviu, passivamente, os discursos inflamados que atentavam contra a hierarquia e disciplina militar.



Dias decisivos



A situação apontava para o caos, tudo com a conivência de um presidente fraco, sem discernimento, ansioso por manter o poder, custasse o que custasse:

- 3 de março de 1964 - estudantes impediram a aula inaugural do reitor da Universidade Federal da Bahia, Clemente Mariani;

- 13 de março de 1964 - comício na Central do Brasil;

- 19 de março de 1964 - Marcha da Família com Deus pela Liberdade / SP;

- 25 de março de 1964 - reunião dos marinheiros no Sindicato dos Metalurgicos;

- 26 de março de 1964 - Marighella declara: “O partido precisa se preparar, pois está em vias de assumir o poder”;

- 30 de março de 1964 - encerra-se, em Goiânia, o Sexto Ciclo sobre Marxismo, conduzido pelo comunista Jacob Gorender e realizado pelo DCE, com apoio da Reitoria da Universidade Federal de Goiás. Jacob Gorender estivera na URSS por dois anos, voltando em 1957;

- 30 de março de 1964 - assembléia dos sargentos, na sede do Automóvel Clube do Rio de Janeiro, com a presença de Goulart, que fez discurso de incitamento à indisciplina; e

- 31 de março de 1964 - o comandante da 4ª Região Militar, sediada em Juiz de Fora, MG, iniciou a movimentação de tropas em direção ao Rio de Janeiro.



Apesar de algumas tentativas de resistência, o presidente Goulart reconheceu a impossibilidade de oposição ao movimento militar que o destituiu.

Em documento de autocrítica posterior à revolução, intitulado “Esquema para Discussão”, editado ainda em 1964, o Partido Comunista afirma:



“... incorremos em grave subestimação da força do inimigo e não estávamos preparados para enfrentar um golpe da direita...”

“Acreditávamos em uma vitória fácil, através (sic) de um simples pronunciamento do dispositivo de Goulart, secundado pelo movimento de massas.”

“Absolutizamos (sic) a possibilidade de um caminho pacífico e não nos preparamos para enfrentar o emprego da luta armada pela reação.”


As condições “objetivas e subjetivas” para a tomada do poder, sem nenhuma dúvida, estavam presentes. Bastava somente um fato, político ou não, para que as coisas se precipitassem. Era tudo questão de mais dia ou menos dia.

Um gigante, porém, acordou de seu sono e trouxe a reação de que a Nação precisava.

Com precisão cirúrgica e, por isso, sem derramamento de sangue, o Exército Brasileiro, com o apoio das Forças Armadas co-irmãs, partiu ao encontro dos verdadeiros anseios do povo, livrando a Nação das garras dos comunistas e impondo-lhes nova e acachapante derrota.

Recordar os momentos da reação é trazer de volta emoções que passaram a ditar meus atos, a partir daí.

Tinha a mais nítida convicção de ter escolhido o lado certo: o do Brasil livre e soberano.



Fonte:  A Verdade Sufocada - A História que a esquerda não quer que o Brasil conheça  - Cel Carlos Alberto Brilhante Ustra - 10ª edição  - 691 páginas  - texto das Páginas 63 a 70